08 novembro 2015

E quando você menos espera, uma fratura de clavícula

0:00 hs do dia 28 de outubro - retornei à minha cidade, após mais de 5 horas de uma viagem extremamente cansativa, muita chuva, muita falta de visibilidade, estrada em obras…… o novo dia já havia começado mal: quando saí de viagem, havia trancado o cadeado do portão e esquecido a chave dentro de casa - portanto, estava sem a chave!
Peguei uma escada com o Jarbas, escalei o portão, pulei para dentro de casa. A chave da sala estava comigo, portanto não foi nada complicado: entrei em casa, peguei a chave do cadeado do portão, abrí-o e entrei com o carro. 
Fomos descarregando as coisas. Faltava muito pouco para terminar. Já estava ao lado do carro para pegar a última caixa de coisas, quando, sem a menor resistência do meu tênis, levei um enorme escorregão no chão molhado que é levemente inclinado e caí com o lado direito do corpo, como uma abóbora madura que se espatifa no chão. A pancada foi mais forte contra o ombro. Na hora, só sentí meu ombro estranho. Tentava mexer o braço e o ombro e com a mão esquerda, massageá-los. Algo havia saído do lugar. Se eu levantasse ou abaixasse o braço, sentia um estalo e um rangido. Quebrei algum osso, foi esse o meu primeiro pensamento.
Ainda caído, permanecí imóvel no chão. Com o tempo, meu corpo passou a tremer. Sintomas da fratura? Frio, por causa da chuva? Não sei.
Ligaram para o Jarbas, que rápidamente veio, me carregou no colo e me colocou numa cadeira. Tomei um ar e fomos para o hospital. Mediram minha pressão. Foi nesse momento que o enfermeiro olhou para o meu ombro e percebeu que ele estava com uma deformidade: percebía-se que o osso estava saltado e ao lado dele, havia uma cova na pele.
Devido ao horário, não foi possível fazer uma radiografia, teria que retornar de manhã cedo. O médico de plantão me improvisou uma tipóia, tomei uma injeção para dor, apesar de não estar sentindo dor e voltei para casa.
De manhã cedo, fui fazer as radiografias. Infelizmente, o resultado foi aquele indesejado: minha clavícula havia se partido! 


O médico então marcou minha internação para o dia 2 e a cirurgia para o dia 4 de novembro. Mandou fazer uma imobilização em oito, que é para alinhar corretamente os ombros. O enfermeiro disse que era incômodo, mas nos dias subsequêntes, deu prá levar numa boa. Me receitou analgésicos e anti-inflamatórios. Dormir, sempre de costas, não me causava incômodos e nem dor.
No dia seguinte, 29 de outubro, passei o dia em repouso, porém, levantar da cama era um verdadeiro sofrimento: sentía uma dor muito intensa em toda a região do lado direito do tórax, logo abaixo da axila. Não podia tossir e nem respirar muito profundamente também, porquê a dor se intensificava. Minha bacia também doía muito, o que dificultava muito minha caminhada.
No dia seguinte, 30 de outubro, a dor se intensificou. Mesmo tomando Codeína de 6 em 6 horas, já não conseguía, nem com muito esforço, me levantar sózinho da cama. Decidí voltar ao hospital, porquê isso não era normal. Leigo que sou, estava com muito mêdo que pudesse ter sofrido alguma lesão no pulmão, ou nessa área e também que minha bacia estivesse fraturada. Dessa vez, foi um sacrifício entrar no carro, pois mal conseguía curvar a cabeça por causa da dor. Chorei de ódio por causa dessa situação miserável em que eu me encontrava. Chegando lá, fizemos outras radiografias. Constatou-se que minha bacia não havia sido fraturada e que a dor nesse local era devido à pancada sofrida, porém….. constatou-se que a costela havia sido trincada, esse era o motivo de tanta dor naquele local. Me receitaram um sôro com Tramal, o que me custou, posteriormente náuseas extremamente fortes. Não sentia dor nenhuma na área da clavícula.
Continuei tomando Codeína e Celecoxibe até o dia da internação. Esses medicamentos me davam muita sonolência: meu prazer era ficar deitado na cama vendo TV, dormir quando me dava sono, continuar assistindo TV quando despertava. Não tinha hora pra nada.
Meu irmão Jarbas vinha me ver diáriamente e me ajudava a tomar banho. Não tenho como agradecer por tanta dedicação.
No dia da internação estava feliz, justamente por causa da internação: adoro ficar internado (não foram muitas vezes na minha vida), comendo comida de hospital e vendo TV. Há quem possa achar que eu sou louco kkkkkkkk.....
Durante os 2 primeiros dias, foram apenas alguns exames e prescrição de medicamentos. A comida estava gostosinha mas achei excessiva a quantidade de carboidratos. Dormir tranquilamente nem pensar. As enfermeiras vinham com frequência para saber do meu estado e ministrar medicamentos.
Dia 4 de novembro, 3º dia internado. Banho de gato tomado, elevei meu pensamento aos Espíritos médicos para que assistissem e intercedessem tudo o que estava por vir.
Estava aguardando em meu leito, ora olhando para a janela, ora de olhos fechados. Num dado momento, quando olho para fora, um passarinho estava preso na tela externa, tipo dessas usadas em galinheiros, acredito eu para proteger os transeuntes, no caso da queda de algum objeto de algum andar. A tela ficava a aproximadamente 1.5 m da janela. Era impossível alcançar com a mão. O pobrezinho estava preso, não dava para ver direito, se pela patinha. 
Pensei, será um aviso?
Mas peraê, aviso de quê? Tá doido, meu filho?
Um outro pássaro, maior que ele, talvez sua mãe, vinha com frequência voando próximo a ele, na tentativa de querer fazer algo para ajudá-lo a se soltar. Alertei as enfermeiras. A única reação foi: coitadinho…….
Tentou, tentou, se debatia, “sua mãe” aparecia, se debatia. E isso se repetiu de novo e de novo. Fechei os olhos. Quando abri, ele não estava mais lá. Conseguira se soltar. Caiu? Voou?
Por volta das 9:00 hs da manhã, me levaram para o centro cirúrgico. Era a minha vez. Deitei na mesa de operações, me colocaram uma máscara de oxigênio e lentamente fui perdendo os sentidos. Apaguei.
Só me lembro de estar acordando com alguém falando para mim: a operação foi tudo bem. Foi assim que despertei. Já era uma outra pessoa, com uma placa e 6 parafusos dentro do meu corpo:


Conforme meus sentidos voltavam ao normal, fui sentido dor, muita dor no local da cirurgia. E foi ficando insuportável. Ouví alguém dizer "morfina", suponho que me aplicaram morfina. Sofrí por mais alguns instantes, e a dor foi diminuindo. Foi diminuindo e dando lugar a uma enorme náusea. Me levaram para o quarto.
Depois da cirurgia, aquela dor insuportável que eu sentia na costela e na bacia, simplesmente desapareceram! Sim, como num passe de mágica! Me fazendo até achar que o médico tivesse dado um tranco e colocado tudo no lugar! Kkkkkkkk
Que nada……. foi passageiro.
Explico: minha teoria é de que devido a tantos analgésicos e anti-inflamatórios injetados na veia, isso deve ter mascarado a dor. Depois que me deram alta, o efeito foi passando, passando e dando lugar ao retorno da dor na costela e na bacia, mas em proporções bem menores - conseguia levantar da cama, muito mais fácilmente do que antes!
O Jarbas me arrumou uma tipóia, que se tornou minha companheira de carne e unha:


Sou uma pessoa muito ativa. Embora adore, ame apaixonadamente dormir, já cansou.
Hoje já aspirei o pó da casa e passei algumas roupas.
Amanhã pretendo ir até o centro de carro. Devagarzinho! Hoje entrei no carro e fiz uns testes pra ver se consigo engatar as marchas e aparentemente, não será problema. A marcha a ré parece ser uma vilãzinha, mas com a ajuda da mão esquerda, tudo se resolverá. Paro o carro um pouco afastado do centro, onde há mais espaço em vagas, estaciono sem muitas manobras e caminho o restante (com uma certa dificuldade ainda). Se esta primeira tentativa der certo, depois de amanhã, irei fazer compras nos supermercados da cidade.
E assim vamos indo né…….
Terei que retornar ao médico no dia 24 de novembro. Claro que ele não irá me liberar nesse dia, mas espero que o faça até o final do mês!

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